sábado, 10 de março de 2018

Línguas sem Interpretação 1


Sim! É lícito Falar em Línguas sem Interpretação!

O dom de línguas era manifestado livremente na Rua Azusa (com ou sem interpretação) e muitas pessoas se convertiam nessas reuniões "barulhentas". Desde seu início, o pentecostalismo pratica o falar em línguas mesmo sem interpretação, como aconteceu em Atos2.

Quando há interpretação todas as pessoas entendem o que é falado, pois o intérprete fala a todos no idioma local. E há casos onde a pessoa fala em línguas estranhas, sendo que essa língua é um idioma humano que ela não domina. Em Atos 2 não houve interpretação: o que aconteceu foi que algumas pessoas ouviam alguns discípulos falando em línguas que elas conheciam. Isso tem acontecido ainda hoje com alguns missionários pentecostais mundo afora.

Desde a Rua Azusa os pentecostais seguem as recomendações de Paulo descritas em 1Co14. Nesse texto Paulo explica que um culto deve ter várias partes: 1Cor:14:26: Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação.

Há muitos reformados que criticam os pentecostais por falar em línguas mesmo quando não há interpretação. E alegam que o apóstolo Paulo condenava tal prática citando a carta de Coríntios. Mas será isso verdade?

Vejamos: O problema da igreja de Corinto que Paulo combateu é que dirigiam o culto (ou parte dele) falando em línguas estranhas (e sem interpretação). Para que edificasse os demais era preciso haver pregação, profecia, revelação, etc. Isso fica evidente nas afirmações de Paulo:
1Cor:14:6: E agora, irmãos, se eu for ter convosco falando em línguas, que vos aproveitaria, se não vos falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina?
1Cor:14:19: Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida.
1Cor:14:23: Se, pois, toda a igreja se congregar num lugar, e todos falarem em línguas, e entrarem indoutos ou infiéis, não dirão porventura que estais loucos?

É por isso que Paulo enfatiza que o dom de profecia é mais útil que o dom de línguas na direção do culto (14.1) e incentiva-os a buscá-lo, pois o dom de línguas só trará edificação à igreja se for interpretado.

Paulo não combateu o uso do dom de línguas no culto. O erro que Paulo combateu foi o de dirigir o culto (parte dele) em línguas estranhas! Isso acontecia em Corinto e era algo infrutífero, não edificava os participantes, muito menos os visitantes incrédulos.

Ninguém devia dirigir o culto falando em línguas sem interpretação (1Cor:14:27). Da mesma forma ele disse que apenas 2 ou 3 profetas deviam falar para ensinar que o culto precisa ter outras partes (Atos 21.9).

Nenhuma igreja pentecostal comete o erro de Corinto, pois os pentecostais valorizam a pregação, o louvor, as profecias, etc. (Pode-se até questionar a qualidade de algumas pregações, mas todos a valorizam!)

Corroborando o que expus acima, vemos que no primeiro Pentecostes (Atos 2) houve línguas estranhas (sem interpretação!) e houve também pregação (feita por Pedro). Isso soa bem parecido com os cultos pentecostais – há línguas estranhas, mas há pregação fervorosa!

Curiosamente, dos 9 dons espirituais listados em 1Coríntios 12 o único que não possui nenhum caso registrado no NT é dom de interpretação. Se esse dom fosse tão indispensável para falar em línguas (como alegam os reformados) era de se esperar que a Bíblia registrasse pelo menos um caso desse dom. Já presenciei esse dom em uso várias vezes nos cultos pentecostais (nunca numa igreja reformada!!) e é um dom maravilhoso, mas isso não significa que só se pode falar em línguas quando alguém interpretar.

Podemos falar em línguas no culto (adoração particular), mas não se deve dirigir o culto em línguas. Para dirigir-se à igreja em línguas é preciso haver intérprete.

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Veja aqui casos bíblicos de uso dos Dons Espirituais:
Palavra de Sabedoria: At 6.3,10; At 15.13-21
Palavra de Conhecimento: At 10.47,48; 13.2; 15.7-11; At 5.9,10
Fé: Mt 8.5-13; Mt 15.22-28; Lc 9.36-50
Cura: Mt 4.23,24; 8.16; 9.35; 10,1,8; Mc 1.32-34; 3.15; 6.13; 16.18; Lc 4.40,41; 9.1,2; Jo 6.2; 14.12; At 4.30; 5.15,16; 19.11,12
Operação de Milagres: Mt 13.54; 6.13:16.17: Lc 4.40,41: 9.1; 10.17; Jo 7.3; 10.25,32; Jo 11.43,44; 14.11,12; 15.24; At 2.22,43; 4.30; 5.15,16; 6.8; 8.6,7; 14.3; 15.12; 19.11,12; Rm 15.19; 1Co 12.10,29; 2Co 12.12; Gal 3.5
Profecia: Lc 12.12; At 2.17,18; Ef 4.11; 1Ts 5.20,21; 2Pe1.20,21; 1Jo4.1-3; At 19.6; At 21.9,10,11
Discernimento de espíritos: At 8.18-24; At 13.8-12; 16.16-18
Falar noutras línguas: At 2.4-11; At 10.44-46; 11.17; At 19.2-7; 1Co 14.6,15,18
Interpretação de Línguas: sabemos que esse dom era usado na Igreja Primitiva, mas a Bíblia não registra nenhum caso.
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Por fim, ainda que os reformados discordem, nós pentecostais podemos nos alegrar muito por nossa prática e nossa teologia histórica!

Você que é pentecostal, se alegre por sua história e não se deixe levar por regras humanas que não tem outro efeito senão atrapalhar o mover de Deus.

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