segunda-feira, 23 de abril de 2012

Arrogância Calvinista

Arrogância Calvinista



Veja essa frase de Spurgeon: "Eu pessoalmente acredito que não seja possível pregar a Cristo e Ele crucificado, a menos que estejamos pregando o que hoje é conhecido como Calvinismo. O Calvinismo é apenas um apelido; o Calvinismo é o evangelho e nada mais."

Lamentavelmente os pastores Renato Vargens e Augustus Nicodemus concordam com isso.


É estranho que pessoas que falem tanto sobre as "doutrinas da graça" tenham atitude tão presunçosa. Como disse um amigo calvinista: "um calvinista orgulhoso de sua eleição deveria ser uma contradição de termos".


Diante de afirmações desse tipo sou forçado a elogiar meu irmão calvinista Clóvis que adota uma postura mais equilibrada: "Concordo com a crítica que faz sobre a afirmação de que o calvinismo é o evangelho. Não é. É uma interpretação do mesmo, e mesmo que seja, como acredito, a melhor interpretação, sempre será apenas isso. E como tal, falível. Não podemos nos esquecer disso nunca, mas vezes demasiadas esquecemos."


Eu (Cleber) creio que o arminianismo e o pentecostalismo são a melhor interpretação bíblica. Mas não são nada além de interpretação. O Evangelho é muito maior que qualquer sistema doutrinário.


Esse importante assunto foi tratado em 2 posts que quero indicar a vocês:


A mania da “autoafirmação calvinista”
http://www.teologiapentecostal.com/2012/04/mania-da-autoafirmacao-calvinista.html


Até onde vão suas referências?
http://gqlgeracaoquelamba.blogspot.com.br/2012/03/ate-onde-vao-as-suas-referencias.html

Muitos calvinistas falam mais de João Calvino do que do próprio Jesus Cristo.

O artigo acima trata dessa 'idolatria'.


De minha parte endosso as palavras do Ricardo Rocha no blog Teologia Pentecostal:


"Entendo perfeitamente que os calvinistas o considerem a melhor interpretação do evangelho, agora dizer que o calvinismo É o próprio evangelho soa como blasfêmia.
Em que pese a grande simpatia e respeito que tenho por INÚMEROS reformados, creio que o calvinismo seja uma das piores interpretações do evangelho, pior até do que algumas interpretações romanas.


Mas não saio dizendo que o calvinismo é sinonimo de heresia, e não faço isso por um motivo bem simples: o calvinismo, em que pese os erros, ainda segue o essencial da tradição cristã, exposta no credo apostólico. Só isso já representa a certa continuidade dessa interpretação do evangelho com o que era feito no início da igreja cristã.

Mas a presunção calvinista chega mesmo as raias do irritante."

quarta-feira, 18 de abril de 2012

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Você é um arminiano e não sabe?


Pesquisa: Você é um arminiano e não sabe?


Ao longo dos séculos, os calvinistas têm tanto sucesso vilipendiando o Arminianismo que muitas pessoas que são arminianas têm medo de dizer isso. Isto é verdadeiro, mesmo que o Arminianismo seja a posição teológica da maior parte do protestantismo cristão, na verdade, muitas pessoas são arminianas e não sabem, e até mesmo negam. A presença do Arminianismo é tão generalizada que mesmo as mais fortes igrejas calvinistas têm entre seus membros os arminianos. É irônico, então, que as pessoas tenham medo de dizer ou desconheçam que elas são arminianas. Por exemplo, muitos independentes e batistas do sul são tipicamente arminianos, mas por desconhecimento muitas vezes se dizem calvinistas!


O objetivo desta pesquisa é ajudar as pessoas que têm uma teologia arminiana perceberem que elas são arminianas e ajudá-las a compreender que é bom ser arminiano. As perguntas abordaram as questões mais pertinentes que definem Arminianismo e o distinguem do Calvinismo.


1. Você acredita que Jesus morreu por cada ser humano?
• Se você respondeu sim à pergunta, então, pelo menos, você concorda com um dos princípios centrais do Arminianismo, e você seria indesejável em círculos calvinistas.
• Este é talvez o problema mais gritante, que divide o Calvinismo e o Arminianismo.
• A maioria dos calvinistas crê que Jesus morreu apenas por algumas pessoas, embora exista algum debate sobre se o próprio Calvino tinha essa opinião.
• Se você acredita que Jesus morreu somente por aqueles que creriam nEle, então você realmente é calvinista e não um arminiano.



2. Você acredita que os seres humanos são tão depravados que eles não podem fazer nada para ganhar a salvação e que não podem escolher crer em Jesus sem a intervenção da graça de Deus?
• Se você respondeu sim, então você concorda com Arminius e o Arminianismo.
• Calvinistas crêem nessa mesma doutrina, mas afirmam muitas vezes que os Arminianos não, apesar de haver completa unanimidade entre os teólogos arminianos em afirmar a doutrina.



3. Você acredita que uma pessoa pode resistir ao poder de convencimento e à graça de Deus?
• Se você respondeu sim, então, novamente, você afirma outro dos princípios centrais do Arminianismo, como refletido nas palavras de Jesus: “Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes quis eu reunir os teus filhos... mas vós não o quisestes” (Mt 23:37).
• Calvinistas afirmam que Deus determinou que certas pessoas vão acreditar, Ele vai fazer a sua fé possível e chamá-los para a salvação de tal forma que suas próprias vontades serão dominadas, para que não possam resistir ao chamado da salvação.
• Arminianos acreditam que Deus quer que cada um possa crer, mas quando Deus chama alguém para crer, Ele o faz de tal forma que o indivíduo ainda pode resistir ao poder de convencimento do Espírito.



4. Você acredita que uma pessoa nasce de novo quando coloca sua fé em Jesus?
• Se você respondeu sim, então você se prende a um dos eixos principais do Arminianismo e você provavelmente não é um calvinista.
• Calvinistas crêem que Deus deve primeiro dar a uma pessoa a nova vida (regeneração) para então permitir a fé; sem ter nascido de novo (sido regenerada) uma pessoa não pode acreditar.
• Arminianos defendem que as pessoas não recebem o dom da nova vida, até que elas creiam.
• Arminianos defendem que, quando uma pessoa crê, ela é unida a Cristo e só então é que ela participa da vida nova e é nascida de novo. Uma pessoa não partilha da nova vida, sem primeiro estar unida com Cristo pela fé, pois “quem que nele crê não perece, mas tenha a vida eterna”. (João 3:16).



5. Você acredita na eleição?
• Se você respondeu sim, então você pode ser um arminiano.
• Calvinistas acreditam em uma eleição independente da fé – Deus elegeu parte da humanidade por decreto.
• Arminianos acreditam que a eleição é baseada “em Cristo”, ou seja, alguém que está “em Cristo” é eleito. A fé é essencial para tornar-se unido a Cristo e, portanto, a eleição é condicionada à fé.



6. Você acredita na predestinação?
• Se você respondeu sim, então você pode ser um arminiano.
• Arminianos afirmam que os crentes são predestinados para a salvação final, não que algumas pessoas estão predestinadas a crer. (Parte dos arminianos entendem que os crentes são predestinados para uma vida santa – Rom 8.29)



7. Você acredita que é possível perder a salvação?
• A questão é se as pessoas que verdadeiramente acreditam em Jesus podem destruir sua fé a ponto de perder a salvação.


A) Se você respondeu que não crê na possibilidade de perda da salvação, você pode ser um arminiano.
• O próprio Arminius não se pronunciou sobre o assunto e nunca ensinou que os crentes podem naufragar na fé e perderem a sua salvação – ele afirmava que esse assunto precisava ser melhor estudado.
• Os seguidores posteriores de Armínio é que estudaram o tema e concluíram que os crentes podem fazer naufrágio da sua fé e perecer. Atualmente a maioria dos batistas são arminianos de 4 pontos, pois crêem que não se perde a salvação.

B) Se você respondeu que crê na possibilidade de perda da salvação, você afirmou algo que a maioria dos arminianos afirma fortemente, e você certamente não seria bem-vindo no meio Calvinista.


• A declaração de fé oficial da Sociedade dos Evangélicos Arminianos apenas afirma que “perseverar na fé é necessário para a salvação final”, sem comentar sobre a possibilidade de naufrágio da fé.
• Todos os calvinistas crêem na segurança eterna incondicional (uma vez salvo sempre salvo).
• Muitos independentes e batistas do sul se dizem calvinistas simplesmente por não crer em perda da salvação. No entanto, esse ponto não é determinante para definir se alguém é arminiano ou calvinista.



8. Você acredita na visão da satisfação penal da expiação?
• Se você respondeu sim ou se você respondeu não, você pode ser um arminiano.
• A visão da satisfação penal da expiação, afirma que a morte de Jesus implica um pagamento pelo pecado. Ela assume que a justiça de Deus exige que o pecado seja punido e que a justa ira de Deus foi desviada dos pecadores merecedores e derramou-se sobre Jesus como seu substituto.
• Esta opinião é defendida pela maioria dos calvinistas e pela maioria dos arminianos. Alguns poucos arminianos rejeitem a noção de que Deus castigou o seu Filho Jesus.
• Armínio afirmou o ponto de vista da satisfação penal da expiação.



9. Você acredita que Deus conhece exaustivamente o futuro?
• Se você respondeu sim, você concorda com o arminianismo nesse quesito.
• Calvinistas e Arminianos acreditam que Deus sabe o futuro de forma exaustiva.
• A negação dessa doutrina é uma rejeição da base do teísmo cristão, e aqueles que a negam não podem ser arminianos.
• A Sociedade dos Evangélicos Arminianos afirma a doutrina, e não se pode pertencer à ela se não se está de acordo.



10. Você acredita na soberania de Deus?
• Se você respondeu sim, então você concorda com o arminianismo nesse quesito.
• Todos os calvinistas e arminianos afirmam a soberania de Deus, mas diferem na dotação de Deus para a liberdade dos seres humanos.
• Alguns calvinistas definem a soberania como Deus ordenar e predeterminar todas as coisas e eventos, de modo que a escolha humana é apenas uma ilusão.
• Alguns calvinistas não negam explicitamente a liberdade humana nas decisões cotidianas, mas negam a liberdade humana de rejeitar o chamado para a salvação.
• Arminianos afirmam o livre arbítrio (nas decisões cotidianas) e crêem que os seres humanos realmente fazem escolhas genuínas, inegavelmente, afirmando a culpabilidade humana no pecado. No caso da salvação os arminianos crêem no ‘arbítrio-liberto’, ou seja, o pecador só pode crer após ser chamado pelo Espírito Santo.
• A visão arminiana da Soberania é que Deus tem o poder e a autoridade para fazer tudo o que ele quer, e nada pode acontecer a menos que ele o faça, ou permita. E crêem que Deus é Soberano o suficiente para dotar as suas criaturas com livre-arbítrio.
• A visão arminiana da soberania e da liberdade humana é motivada por sua compreensão do caráter de Deus como sendo santo, o que significa que: 1) Deus não é o autor do mal e 2) os seres humanos são culpados por seus pecados.



Em resumo, você é um arminiano se crer...
• na doutrina da expiação ilimitada (Jesus morreu por todos)
• na doutrina da depravação total (as pessoas são incapazes de crer em Jesus sem a intervenção da graça de Deus)
• na doutrina da graça resistível (as pessoas podem resistir à graça)
• na doutrina da eleição (todos que estão “em Cristo” são eleitos)
• na doutrina da predestinação (crentes são predestinados)
• na doutrina da satisfação penal da expiação (Deus puniu os pecados do mundo em Jesus)
• na doutrina da onisciência (incluindo que Deus conhece o futuro perfeitamente)
• na soberania de Deus (Deus pode fazer o que quiser, inclusive dotar os seres humanos de uma vontade livre).

Como afirmei anteriormente, a posição padrão do evangelicalismo cristão é o Arminianismo. E como pode ser visto neste breve resumo, é bom ser arminiano.

Para uma reflexão mais aprofundada sobre estas questões, leia o livro Teologia Arminiana: Mitos e Realidades, de Roger Olson, que estabelece a teologia arminiana clássica e derruba 10 mitos sobre o Arminianismo.

James M. Leonard – Batista Arminiano.
http://arminianbaptist.blogspot.com/
http://blogdavidaeterna.blogspot.com/2011/05/pesquisa-voce-e-um-arminiano-e-nao-sabe.html

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Os Perigos da Erudição

Os Perigos da Erudição

Valorizo muito o estudo bíblico, o conhecimento teológico, amo estudar história e aprecio muito a tradição cristã. Mas tanto a erudição quanto a tradição devem ficar debaixo da autoridade bíblica. Como diziam os reformadores: Sola Scriptura, ou seja, ela é nossa regra de fé, a autoridade máxima em assuntos espirituais.

É comum a erudição acadêmica enveredar pela filosofia e se distanciar do texto bíblico (Perigo 01). Para constatar isso basta olharmos para o liberalismo teológico, que embora seja uma teologia que não gera conversões, continua atraindo pessoas que se deslumbram com o academicismo, a erudição e a argumentação rebuscada.

Outro dia conversei com um liberal (ex-pentecostal) que me dizia que é impossível ler a Bíblia sem os óculos da tradição. E afirmava isso para defender 'academicamente' (e não biblicamente) as posições doutrinárias da sua atual igreja. Lembro que comentei sobre crescimento espiritual e ele disse que esse não é um tema importante em sua tradição teológica. O curioso é que ele afirma crer no Sola Scriptura.

Além do risco da erudição se distanciar do texto bíblico, vejo outros perigos comuns: roubar a simplicidade do evangelho (Perigo 02) e impedir as pessoas de experimentarem o mover de Deus (Perigo 03).
Nos tempos de Jesus muitos eruditos (os fariseus) haviam se distanciado da simplicidade bíblica. Não conseguiam perceber o agir de Deus pois estavam intelectualizados demais. Eles comparavam a erudição deles com a linguagem simples de Jesus (parábolas) e rejeitaram o Mestre! Foram duramente repreendidos por Jesus:
Mat 15:8 Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.
Mat 15:9 Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.


Hoje quando vejo cristãos intelectualizados desprezando pregadores com linguajar simples ou com pouca bagagem teológica logo me lembro dos fariseus desprezando Jesus.

Além disso, vemos cristãos intelectualizados desprezando pregadores que não usam sermão expositivo ou que não citam grego e hebraico no púlpito. Será que eles esquecem que o maior modelo de pregador que temos (Jesus) não pregava assim?
[Na época em que eu era deslumbrado com a erudição cheguei a pregar assim - hoje não mais]

Veja: não estou desprezando a erudição. Quem me conhece sabe que amo ler e estudar. Mas vejo muitos cristãos que depois de se intelectualizarem viram críticos azedos e não conseguem mais experimentar o mover de Deus. Só sabem criticar. E por se recusarem a receber alimento espiritual muitos começam a secar.

Esse risco existe e é bem danoso. Olhe para a história da Igreja: os eruditos católicos desprezaram Lutero e a Reforma. Os eruditos anglicanos desprezaram Wesley, general Booth e o avivamento da época. Os eruditos metodistas e reformados deprezaram o avivamento pentecostal. E por aí vai...

Na época de Jesus houve eruditos (Nicodemus, Apolo, Paulo...) que se abriram para o Mestre, e colocaram seu saber humano em segundo plano. Paulo disse: "Quanto à lei fui fariseu; fui irrepreensível. Mas o que para mim era lucro passei a considerá-lo como perda por amor de Cristo; sim, na verdade, tenho também como perda todas as coisas pela excelência do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; pelo qual sofri a perda de todas estas coisas, e as considero como refugo, para que possa ganhar a Cristo." (Fil 3:5-8).

Isso serve para nós, cristãos ávidos por conhecimento, refletirmos seriamente no cristianismo que desejamos ter: acadêmico-frio ou bíblico-fervoroso?

Não podemos perder de vista a simplicidade do evangelho.
1Co 2:1 E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria.
1Co 2:2 Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado.
1Co 2:3 E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor.
1Co 2:4 A minha linguagem e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de poder;
1Co 2:5 para que a vossa fé não se apoiasse na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus.

Calvinistas sempre criticando...


Calvinistas sempre criticando...


Como sabem, sou meio escamado com calvinistas por sempre criticarem tudo e todos.
(São raras as exceções como o John Pipper)


Olhem o texto abaixo do Augustus Nicodemus.


Ele critica os neopentecostais por pregar prosperidade, cura, libertação e solução imediata para os problemas pessoais. Qual o mal disso? Jesus não agia da mesma forma? Ele chegava e curava ou ressuscitava na hora... Não sou neopentecostal, mas nesse ponto não vejo nada de errado.


Ele critica o movimento gospel porque não pregou arrependimento no Festival Promessas. Oras, na maior parte das vezes que Jesus pregou Ele não mencionou o arrependimento tbm. Jesus primeiro atraía as multidões e depois de atraí-las passava a discipular aprofundando doutrinariamente (vide João 6).


Ele critica os parlamentares evangélicos não pela falta de ética de alguns, mas por não serem reformados! Fiquei pasmo!


Por fim ele celebra o avanço do calvinismo, e afirma de forma clara que espera que os pentecostais abracem a teologia reformada integralmente, o que significa deixar de crer na atuação dos dons espirituais nos dias de hoje. (Nos comentários do post ele deixa claro que não crê que os dons estejam em operação hoje. Ele comenta ainda que o John Pipper crê que os dons podem se manifestar, mas não crê que estejam sendo manifestos atualmente).


É por essas e outras que quando leio calvinistas fico de olhos bem abertos. É muita tradição, muita filosofia, muito academicismo, muita erudição, mas pouca Bíblia, pouca fé miraculosa e pouco agir de Deus. Claro que tem exceções, mas infelizmente são apenas exceções.


Valorizo muito o estudo bíblico, o conhecimento teológico, amo estudar história e aprecio muito a tradição cristã. Mas tanto a erudição quanto a tradição devem ficar debaixo da autoridade bíblica. Como diziam os reformadores: Sola Scriptura.


Tenho amigos calvinistas piedosos e tementes a Deus, mas em geral percebo que são fechados ao agir de Deus e deixam de provar muitas coisas maravilhosas como Batismo no Espírito, Dons Espirituais, Curas Miraculosas, Cura Interior, Libertação (Autoridade sobre Demônios), etc. É uma pena.


Isso me fez lembrar de um texto do Hernandes Dias Lopes que comentei certa aqui: http://confraria-pentecostal.blogspot.com/2010/01/pentecostais-precisam-de-reforma.html


Em tempo: amo e respeito meus irmãos calvinistas. Mas não gosto do tom crítico que costumam adotar.

Pr Cleber.



http://tempora-mores.blogspot.com/2011/12/como-vai-ser-2012.html


Como Vai Ser 2012?


Augustus Nicodemus Lopes





Quando olho o atual cenário da igreja evangélica brasileira – estou usando o termo “evangélica” de maneira ampla – confesso que me sinto incapaz de prever o que vem pela frente. Há muitas e diferentes forças em operação em nosso meio hoje, boa parte delas conflitantes e opostas. Olho para frente e não consigo perceber um padrão, uma indicação que seja, do futuro da igreja.



Há, em primeiro lugar, o crescimento das seitas neopentecostais. Embora estatísticas recentes tenham apontado para uma queda na membresia de seitas como a Universal do Reino do Deus, outras estão surgindo no lugar, como na lenda grega da Hidra de Lerna, monstro de sete cabeças que se regeneravam quando cortadas. A enorme quantidade de adeptos destes movimentos que pregam prosperidade, cura, libertação e solução imediata para os problemas pessoais acaba moldando a imagem pública dos evangélicos e a percepção que o restante do Brasil tem de nós. Na África do Sul conheci uma seita que mistura pontos da fé cristã com pontos das religiões africanas, um sincretismo que acaba por tornar irreconhecível qualquer traço de cristianismo restante. Temo que a continuar o crescimento das seitas neopentecostais e seus desvios cada vez maiores do cristianismo histórico, poderemos ter uma nova religião sincrética no Brasil, uma seita que mistura traços de cristianismo com elementos de religiões afro-brasileiras, teologia da prosperidade e batalha espiritual em pouquíssimo tempo.



Depois há o movimento “gospel”, que recentemente mostrou sua popularidade ao ter o festival “Promessas” veiculado pela emissora de maior audiência do país. Não me preocupa tanto o fato de que a Rede Globo exibiu o show, mas a mensagem que foi passada ali. A teologia gospel confunde “adoração” com pregação, exalta o louvor como o principal elemento do culto público, anuncia um evangelho que não chama pecadores e crentes ao arrependimento e mudança de vida, que promete vitórias mediante o louvor e a declaração de frases de efeito e que ignora boa parte do que a Bíblia ensina sobre humildade, modéstia, sobriedade e separação do mundo. Para muitos jovens, os shows gospel viraram a única forma de culto que conhecem, com pouca Bíblia e quase nenhum discipulado. O impacto negativo da superficialidade deste movimento se fará sentir nesta próxima geração, especialmente na incapacidade de impedir a entrada de falsos ensinamentos e doutrinas erradas.



Em Brasília, temos os deputados e senadores evangélicos que, gostemos ou não, têm conseguido retardar e mesmo impedir as tentativas de grupos ativistas LGTB de impor leis como o famigerado PL 122. O lado preocupante é que eles “representam” os evangélicos nestes assuntos e acabam, por associação, nos representando de maneira generalizada diante do grande público e da grande mídia. Por um lado, lamento que foram líderes de seitas neopentecostais e pastores de teologia e práticas duvidosas, em sua maioria, que conseguiram alcançar uma posição de destaque a ponto de serem ouvidos em Brasília. Esta é uma posição que deveria ter sido ocupada pelos reformados, como aconteceu em outros países. Mas, falhamos. E a bem da justiça, não posso deixar de reconhecer que Deus usa quem Ele quer para refrear, ainda que por algum tempo, a rápida deterioração da nossa sociedade. O que isto representará no futuro, é incerto.



Notemos ainda o rápido crescimento do calvinismo, não nas igrejas históricas, mas fora delas, no meio pentecostal. Não são poucos os pentecostais que têm descoberto a teologia reformada – particularmente as doutrinas da graça, os cinco slogans (“solas”) e os chamados cinco pontos do calvinismo. Boa parte destes tem tentado preservar algumas idéias e práticas características do pentecostalismo, como a contemporaneidade dos dons de línguas, profecia e milagres e um culto mais informal, além de uma escatologia dispensacionalista. Outros têm entendido – corretamente – que a teologia reformada inevitavelmente cobra pedágio também nestas áreas e já passaram para a reforma completa. Mas o tipo de movimento, igrejas ou denominações resultantes desta surpreendente integração ainda não é previsível. O que existe de mais próximo é o movimento neocalvinista, mas este é por demais vinculado à cultura americana para ser reproduzido com sucesso aqui, sem adaptações. Estou curioso para ver o que vai dar este cruzamento de soteriologia calvinista com pneumatologia pentecostal.



O impacto das mídias sociais também não pode ser ignorado. E há também o número crescente de desigrejados, que aumenta na mesma proporção da apropriação das mídias sociais pelos evangélicos. Com a possibilidade de se ouvir sermões, fazer estudos e cursos de teologia online, além de bate-papo e discipulado pela internet, aumenta o número de pessoas que se dizem evangélicas mas que não se congregam em uma igreja local. São cristãos virtuais que “freqüentam” igrejas virtuais e têm comunhão virtual com pessoas que nunca realmente chegam a conhecer. Admito o benefício da tecnologia em favor do Reino. Eu mesmo sou professor há quinze anos de um curso de teologia online e sei a benção que pode ser. Mas, não há substituto para a igreja local, para a comunhão real com os santos, para a celebração da Ceia e do batismo, para a oração conjunta, para a leitura em uníssono das Escrituras e para a recitação em conjunto da oração do Pai Nosso, dos Dez Mandamentos. Isto não dá para fazer pela internet. Uma igreja virtual composta de desigrejados não será forte o suficiente em tempos de perseguição.



Eu poderia ainda mencionar a influência do liberalismo teológico, que tem aberto picadas nas igrejas históricas e pentecostais e a falta de maior rapidez e eficiência das igrejas históricas em retomar o crescimento numérico, aproveitando o momento extremamente oportuno no país. Afinal, o cristianismo tem experimentado um crescimento fenomenal no chamado Sul Global, do qual o Brasil faz parte.



Algumas coisas me ocorrem diante deste quadro, quando tento organizar minha cabeça e entender o que se passa.



1 – Historicamente, as igrejas cristãs em todos os lugares aqui neste mundo atravessaram períodos de grande confusão, aridez e decadência espiritual. Depois, ergueram-se e experimentaram períodos de grande efervescência e eficácia espiritual, chegando a mudar países. Pode ser que estejamos a caminho do fundo do poço, mas não perderemos a esperança. A promessa de Jesus quanto à Sua Igreja (Mateus 16:18) e a história dos avivamentos espirituais nos dão confiança.



2 – Apesar de toda a mistura de erro e verdade que testemunhamos na sincretização cada vez maior das igrejas, é inegável que Deus tem agido salvadoramente e não são poucos os que têm sido chamados das trevas para a luz, regenerados e justificados mediante a fé em Cristo Jesus, apesar das ênfases erradas, das distorções doutrinárias e da negligência das grandes doutrinas da graça. Ainda assim, parece que o Espírito Santo se compraz em usar o mínimo de verdade que encontra, mesmo em igrejas com pouca luz, na salvação dos eleitos. Não digo isto para justificar o erro. É apenas uma constatação da misericórdia de Deus e da nossa corrupção. Se a salvação fosse pela precisão doutrinária em todos os pontos da teologia cristã, nenhum de nós seria salvo.



3 – Deus sempre surpreende o Seu povo. É totalmente impossível antecipar as guinadas na história da Igreja. Muito menos, fazer com que aconteçam. Há fatores em operação que estão muito acima dos poderes humanos. Resta-nos ser fiéis à Palavra de Deus, pregar o Evangelho completo – expositivamente, de preferência – viver uma vida reta e santa, usar de todos os recursos lícitos para propagar o Reino e plantar igrejas bíblicas e orar para que nosso Deus em 2012 seja misericordioso com os seus eleitos, com a Sua igreja, com aqueles que Ele predestinou antes da fundação do mundo e soberanamente chamou pela Sua graça, pela pregação do Evangelho.