domingo, 4 de janeiro de 2009

Os Cristãos e a Responsabilidade Social

Os Cristãos e a Responsabilidade Social
Muitas pessoas questionam se nós conservadores estamos engajados na transformação social.

Com certeza que sim! Além da pregação do evangelho que transforma realidades (liberta viciados, restaura casamentos, muda o caráter de bandidos, etc), do discipulado que ensina a pessoa a melhorar de vida (moral, casamento, finanças etc), e da solidariedade praticada por muitos cristãos (assistencialismo), existem muitas ações estruturadas de inclusão social promovidas por conservadores.

A atuação social costuma ser classificada em dois níveis:
  • Assistencialismo é a ação de pessoas, organizações governamentais e entidades sociais junto às camadas sociais mais desfavorecidas, marginalizadas e carentes, caracterizada pela ajuda momentânea, filantrópica, pontual (doações de alimentos e medicamentos, por exemplo). Tal prática, desprovida de teoria, não é capaz de transformar a realidade social das comunidades mais pobres, pois atende apenas às necessidades individuais e a ajuda é feita por meio de doações. A falta de mudanças estruturais significativas não tira os necessitados da condição de carentes, pois não há elaboração projetos e políticas assistenciais.
  • Inclusão social é o conjunto de meios e ações que combatem a exclusão aos benefícios da vida em sociedade, provocada pela classe social, educação, idade, deficiência, sexualidade, preconceito social ou preconceitos raciais. São ações que de fato melhoram a vida das pessoas. Podem ser promovidas por Igrejas, ONGs ou mesmo na esfera política e legal.
Costuma-se dizer:
- Assistencialismo = dar o peixe.
- Inclusão social = ensinar a pescar.

A ação social sempre foi uma marca forte do cristianismo.
Vejamos alguns exemplos:

Exemplos de Lutas Sociais Vencidas no Passado- Instituição do Descanso Dominical;
- Fundação dos primeiros Hospitais;
- Criação das primeiras Universidades;
- Pioneiros da luta pela abolição da escravatura (leia sobre William Wilbeforce ou assista o filme Jornada pela Liberdade: https://www.youtube.com/watch?v=Yi-mjcxHgZI);
- Luta por melhores condições de trabalho e diminuição da carga horária (veja ações do General do Exército de Salvação dentre outros);
- Formação dos “Alcoólatras Anônimos”;

Lutas Sociais Atuais
- Combate às Drogas, Pedofilia, Aborto, Ideologia de Gênero, Legalização da Prostituição, Racismo, Liberação das Drogas e Casamento Gay (via Militância Política e Conscientização);
- Fim do Sacrifício de Bebês Indígenas (que eram enterrados vivos - veja o site: http://www.hakani.org/pt/ ou o Documentário Hakanihttps://www.youtube.com/watch?v=YASOnDpCTb8)
- Recuperação de Dependentes Químicos através do evangelho e de Centros de Recuperação (Veja o  clássico filme A Cruz e o Punhal: https://www.youtube.com/watch?v=SJDDs-rfqyo);
- Recuperação e Ressocialização de Presidiários através do evangelismo;
- Orfanatos que recebem crianças em situação de risco (além de cristãos que resolvem adotar crianças de rua como a Mãe Abigail, Flordelis e muitos outros). Veja alguns filmes sobre isso:
O texto a seguir conta um pouco do que Jesus e a igreja primitiva faziam em termos solidários. Serve para refletirmos em nosso papel como cristãos e como igreja.

A Prática de Jesus
Jesus estabeleceu uma comunidade de discípulos cujo relacionamento se baseava no amor e na partilha.
- Essa comunidade dispunha de uma bolsa comum onde eram recolhidas ofertas/doações que eram administradas por Judas Iscariotes. Dessa bolsa, sob as ordens de Jesus eram feitas doações aos pobres (cf. Jo 12:6; 13:29). Algumas mulheres seguidoras do Mestre colocavam seus bens a serviço dessa causa (cf. Mc 15:40,41; Lc 8:1-3).

- A proposta de Jesus ao jovem rico (Lc 19:16-22). Aqui Jesus propõe ao jovem uma alteração radical no seu estilo de vida que trazia implicações profundas na área financeira: repartir com os pobres.

- A multiplicação dos pães e dos peixes (Mc 6:30-44). Ao multiplicar estes elementos Jesus se utiliza do pouco que alguém se dispôs a partilhar. Partilhar o que se tem mexe com o nosso egoísmo.

O Exercício dos Ministérios Sociais nos Primeiros Tempos da Igreja A preocupação com ministérios sociais é natural à fé cristã e essa marca distinguiu os cristãos desde o princípio. Nos primeiros três séculos da Igreja essa preocupação se configurou no surgimento de diversas atividades cujo objetivo era socorrer pessoas em situações extremas (viúvas, órfãos, encarcerados, etc.).

- Socorro a órfãos e viúvas – as comunidades cristãs assumiram como tarefa básica de seus líderes “cuidar daqueles que não tinham ninguém mais para tomar-lhes conta” (HINSON & SIEPIERSKI, s/d., p. 94), cf. Tg 1:27. Por volta de 217, Hipólito testava candidatos ao batismo no socorro dispensado às viúvas. Nesse período o infanticídio e o abandono de crianças eram ocorrências comuns no Império Romano. As comunidades cristãs então, envolveram-se na tarefa de recolher e cuidar das crianças abandonadas.

- Socorro aos doentes, miseráveis e debilitados – Para atender “empobrecidos e negligenciados (...) as igrejas estabeleceram uma estrutura no diaconato...” (HINSON & SIEPIERSKI, s/d., p.95). Para aqueles irmãos negligenciar os pobres era grave pecado e o Didaquê (Manual da Igreja Cristã Primitiva) denominou a falta de atenção aos pobres como “o caminho da morte”.

- Apoio aos encarcerados e cativos – “Justino classificou a visitação de prisioneiros entre as funções regulares dos diáconos de seu tempo” (idem, p.95). Eventualmente, alguns cristãos se colocaram em prisão para libertar outros. Clemente de Roma, afirma que muitos cristãos se ofereceram como prisioneiros para libertar outros (cf. HINSON & SIEPIERSKI, s/d. p. 95)

- Sepultamento de indigentes – providenciar os meios para que pessoas pobres fossem sepultadas dignamente.

- Arranjando empregos eticamente corretos – quando um indivíduo tinha um trabalho eticamente questionável (gladiadores, por exemplo), a Igreja procurava outro emprego para ele. Quando o emprego não era encontrado imediatamente as igrejas sustentavam essas pessoas através de um fundo comum até que a situação fosse resolvida.

- Socorro em tempos de calamidades – quando ocorriam situações de emergências como períodos de escassez de alimentos (II Co 8,9), enchentes, etc. os cristãos sentiam-se naturalmente movidos a buscar meios para amenizar as conseqüências de tais episódios na população, especialmente, os mais pobres.

[Fonte: Os Evangélicos e a Responsabilidade Social - Pr. Adenilson Ribeiro de Oliveira]
Além disso, há outros relatos interessantíssimos:

- Por volta de 125 A.D. o filósofo Aristides descreve o seguinte quadro cristão:
Eles andam em humildade e bondade; Não existe falsidade entre eles; amam uns aos outros. Não desprezam as viúvas, nem molestam o órfão. Aquele que tem dá liberalmente para o que não tem. Se encontram um estrangeiro, logo lhe dão colhida e se alegram com ele como se fosse um irmão: não na carne, mas no espírito, em Deus. Quando um de seus pobres passa deste mundo e um deles é informado, logo toma providências para o seu sepultamento, conforme estiver ao seu alcance. E se ouvem que alguém entre eles é preso por causa do nome do seu Messias, todos providenciam para as suas necessidades; e, se é possível que seja posto em liberdade, esforçam-se por conseguí-lo. Se há alguém entre eles pobre e necessitado, não tendo em abundância o de que necessita, jejuam dois ou três dias para suprirem-no com o alimento de que precisa.

- Por volta do ano de 250 A.D a igreja em Roma sustentava 1500 pessoas carentes, algo singular no antigo Império Romano.

[Fonte: Cristãos Ricos em Tempos de Fome, página 113 – Ronald J. Sider]

Um comentário:

Anônimo disse...

Cleber,
é importante destacar este assunto. A igreja que não cuida dos pobres é uma igreja que está fora dos padrões do reino. Cuidar do pobre não significa apenas assistência social à distância (como algumas igrejas de classe média e média alta fazem), mas é integrar o pobre na comunidade dos santos, permitindo que seja cuidado e tenha relacionamentos com todos os cristãos, independentemente de sua posição social.
Abraço,
Matias